De fevereiro a junho de 2024, um grupo de crianças juntou-se semanalmente para Inventar a cantar.

Através da implementação deste projeto que valorizou a improvisação e composição coletivas, pela voz, procurou-se desvendar as potencialidades da criação musical, enquanto prática pedagógica, colaborativa e artística.

Aqui mostramos um resumo de cada sessão, divido em cinco fases.

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  • Agradeço à associação “Madalen’Amar” que abraçou este projeto-piloto no seu centro de estudo “Crescer Juntos”.

    Um obrigado especial aos cantores que embarcaram no “Inventar a cantar”, com quem aprendi tanto.

Foco na relação do grupo

  • Apresentação:

    -  Jogos de imitação e memorização de nomes.

    -  Jogos de movimentação no espaço e recurso a dramatização.

    -  Jogos de sequência e estimulação de produção sonora.

    -  Aquecimento vocal pela ativação do corpo e voz por meio de jogos de produção sonora e dicção.

    -  Exploração sonora a partir dos nomes.

    Improvisação dirigida, com recurso a ostinatos e um refrão.

    Conversa sobre a sessão - feedback dos cantores.

    Recuperação do foco com recurso a notas longas:

    - Por cada inspiração os cantores cantam uma nota longa, exploram notas diferentes em cada inspiração.

  • Aquecimento corporal e vocal:

    -  Jogos de sequência - os cantores passam um som pelo círculo.

    -  Aquecem o corpo, espreguiçando, mastigando, movendo-se. Estimular sons que surjam espontaneamente.

    Conversas em línguas inventadas:

    - Os cantores conversam, em jeito de pergunta-resposta, com línguas inventadas.

    Conversas entre personagens inventadas:

    - Os cantores conversam, em jeito de pergunta-resposta, com línguas inventadas, assumindo personagens com diferentes acessórios e movimentos.

    Criação de “máquinas humanas”:

    - Utilização de ostinatos para construção de uma “escultura” coletiva, em movimento, com o corpo.

    Conversa sobre a sessão - feedback dos cantores.

    Recuperação do foco com recurso a notas longas:

    - Por cada inspiração os cantores cantam uma nota longa, exploram notas diferentes em cada inspiração.

Foco na audição e sincronização

  • Aquecimento corporal e vocal:

    -  Jogos de sequência - os cantores passam um som pelo círculo.

    -  Aquecem o corpo, espreguiçando, mastigando, movendo-se. Estimular sons que surjam espontaneamente.

    Criação de “máquinas humanas”:

    - Utilização de ostinatos para construção de uma “escultura” coletiva, em movimento, com o corpo.

    Conversas em línguas inventadas:

    - Os cantores conversam, em jeito de pergunta-resposta, com línguas inventadas.

    Recriação de uma paisagem sonora:

    - Os cantores ouvem e imitam uma paisagem sonora, registando os sons em notação não convencional.

    Recriação de uma percurso sonoro:

    - Os cantores fazem um percurso no exterior, ouvem, recolhem e imitam os sons do percurso.

    Recuperação do foco com recurso a notas longas:

    - Por cada inspiração os cantores cantam uma nota longa, exploram notas diferentes em cada inspiração.

  • Aquecimento corporal e vocal:

    - Aquecem o corpo, espreguiçando, mastigando, movendo-se. Estimular sons que surjam espontaneamente.

    Criação de um cadáver esquisito:

    - Os cantores criam uma sequência de palavras, a cantar, acrescentando, à vez, uma palavra à sequência.

    Passar uma linha imaginária:

    - À vez, cada cantor desenha no ar, com uma linha imaginária, o som que os restantes devem produzir.

    Direção do som pelo movimento:

    - À vez, cada cantor mostra com o corpo o som que os restantes devem produzir.

    Desenhar uma linha imaginária no chão:

    - Utilizando um fio de lã, desenham-se linhas no chão que os cantores devem interpretar com a voz.

    Registo gráfico de sons inventados pelos cantores:

    - Utilização de notação não convencional para registar vários sons produzidos pelos cantores.

    Conversa sobre a sessão - feedback dos cantores.

  • Aquecimento corporal e vocal:

    - Aquecem o corpo, espreguiçando, mastigando, movendo-se. Estimular sons que surjam espontaneamente.

    Criação de um cadáver esquisito:

    - Os cantores criam uma sequência de palavras, a cantar, acrescentando, à vez, uma palavra à sequência.

    Sequência sonora - “Flying voices:

    - À vez, os cantores criam uma sequência de sons, enquanto lançam uma bola ao próximo cantor da sequência.

    “Circle singing wall”:

    - Os cantores improvisam um ostinato, quando indicado, virando-se de frente sempre ao produzir esse ostinato, permanecendo de costas quando estão em silêncio.

    Visualização de um vídeo e criação de um produto semelhante:

    - Os cantores assistem ao vídeo “Turtle dreams” de M. Monk, criam um produto musical inspirado nele.

    Conversa sobre a sessão - feedback dos cantores.

  • Aquecimento corporal e vocal:

    - Aquecem o corpo, espreguiçando, mastigando, movendo-se. Estimular sons que surjam espontaneamente.

    Conversas inventadas a cantar

    - Os cantores conversam, em jeito de pergunta-resposta, a cantar.

    Audição de uma improvisação e preenchimento de um questionário:

    - Os cantores ouvem um dueto improvisado de Bobby McFerrin e Maria João no Jazz Festival Burghausen de 2002. Respondem a questões sobre o que estão a ouvir.

    Visualização de um vídeo e criação de um produto semelhante:

    - Os cantores assistem ao vídeo anterior, criam um produto musical inspirado nele.

    Conversa sobre a sessão - feedback dos cantores.

  • Aquecimento corporal e vocal:

    - Aquecem o corpo, espreguiçando, mastigando, movendo-se. Estimular sons que surjam espontaneamente.

    Criação de movimentos repetidos associados a sons:

    - À vez, um cantor escolhe um dos movimentos que estão a ser feitos pelos colegas e cria o som desse

    “Vocal rooms”:

    - Cada cantor inventa um ostinato associado a um movimento no espaço.

    Criação de um cadáver esquisito*:

    - Os cantores criam uma sequência de palavras, a cantar, acrescentando, à vez, uma palavra à sequência. *Esta atividade evoluiu para uma criação coletiva, em que cada cantor cantava parte de uma história.

    Conversa sobre a sessão - feedback dos cantores - e partilha de gravações vídeo das sessões anteriores.

Foco na organização de estruturas musicais

  • Aquecimento corporal e vocal:

    - Jogos de imitação.

    Conversas em línguas inventadas:

    - Os cantores conversam, em jeito de pergunta-resposta, com línguas inventadas.

    Sequência sonora - “Flying voices:

    - À vez, os cantores criam uma sequência de sons, enquanto lançam uma bola ao próximo cantor da

    sequência.

    Sonoplastia de uma história criada a partir de uma imagem:

    - Um cantor inventa uma história, baseada numa imagem. Os restantes cantores fazem a sonoplastia dessa história à media que esta avança (que evoluiu para a Criação de um canção a partir da imagem)

  • Aquecimento corporal e vocal:

    -  Aquecem o corpo, espreguiçando, mastigando, movendo-se. Estimular sons que surjam espontaneamente.

    -  Improvisação sobre um playalong.

    Jogo de identificação auditiva a partir de notação não convencional:

    - Por grupos, ouvem a performance uns dos outros, fazendo corresponder as cartas aos diferentes sons.

    Composição para voz falada:

    - Em pequenos grupos criam uma pequena peça, notando-a, tendo como base palavras de um livro.

  • Aquecimento corporal e vocal:

    -  Aquecem o corpo, espreguiçando, mastigando, movendo-se. Estimular sons que surjam espontaneamente.

    -  Padrões sobre a música de fundo (que evoluíram para uma Conversa cantada)

    Exploração sonora a partir da leitura de notação não convencional:

    - Cada cantor produz um som que possa corresponder à carta que tem na mão.

    Interpretação de uma partitura gráfica para voz falada:

    - Em pequenos grupos, os alunos discutem formas de executar a partitura que têm à frente.

Criação de uma performance musical

  • Um líder um movimento:

    - Todos copiam o movimento de uma pessoa do grupo.

    Improvisação com duas notas dadas:

    - Os cantores improvisam ritmicamente, utilizando apenas duas notas.

    Partilha de pequenas frases, palavras, desenhos... sobre o que é “Inventar”.

    Exploração de sons, a partir das ideias recolhidas.

  • Um líder um movimento:

    - Todos copiam o movimento de uma pessoa do grupo, produzindo o som desse movimento.

    Som de objetos em movimento:

    - Os cantores produzem o som de objetos mundanos em movimento.

    Escrita de propostas para a letra de uma canção, tendo como base a partilha da última sessão.

    Exploração da métrica e de possíveis melodias para as letras escritas.

  • Mímica com som:

    - Cada cantor conta uma história, ou encena uma pequena cena, sem palavras, só podendo imitir sons e fazer movimento.

    História inventada a partir de dados:

    - Coletivamente criam uma história, a cantar, a partir das imagens dos dados lançados.

    Interpretação da canção “Quando não tenho ideias” criada a partir da exploração da sessão passada.

  • Criação de histórias a partir de imagens de um livro.

    - Coletivamente criam uma história a partir das ideias de algumas páginas do livro de G. Tavares - O dicionário do menino Andersen.

    Interpretação da canção “Quando não tenho ideias”.

  • 3 em linha:

    - Apenas três cantores criam ostinatos, revezando-se ao sinal sonoro imposto por uma pessoa.

    Preparação de uma apresentação individual em que se apresentam aos colegas.

    - Visualização de uma compilação em formato audiovisual das várias atividades realizadas ao longo das sessões. Os alunos estruturam, individualmente, uma apresentação a solo ou pequenos grupos.

    Interpretação da canção “Quando não tenho ideias”.

  • Estátuas sonoras em movimento:

    - Em silêncio, os cantores devem criar, em conjunto, uma representação no espaço com os seus corpos de uma palavra, posteriormente criam o som dessa estátua.

    Sonoplastia de uma história a partir de várias imagens:

    - Um cantor inventa uma história, baseada em várias imagens. Os restantes cantores fazem a sonoplastia dessa história à media que esta avança.

    Preparação de uma apresentação individual em que se apresentam aos colegas. Interpretação da canção “Quando não tenho ideias”.

  • Ensaio geral para a apresentação final.

    Audição de uma composição com técnicas vocais estendidas e preenchimento de um questionário:

    - Os cantores ouvem uma composição de Joan La Barbara. Respondem a questões sobre o que estão a ouvir.

A investigação destacou:

• A importância de práticas lúdicas e colaborativas, dando espaço ao processo de criação musical.

• A necessidade de uma definição alargada de “cantar”, reconhecendo os significados que as crianças dão ao fazer musical.

Registos da Apresentação Pública do Projeto.

Deste projeto surgiu um pequeno livro, entregue aos cantores como artefacto.

É um livro que convida o leitor a interagir sonoramente.

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